quinta-feira, novembro 27, 2008

O equívoco Europeu


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 30.12.2001

A resposta da Europa à crise mundial foi ontem anunciada por Durão Barroso, ao propor um plano de medidas para estimular a economia : investimentos em infra-estruturas, redução de impostos, apoio aos sectores em maiores dificuldades, reforço das ajudas sociais aos desempregados… Cada Estado-membro, em função de sua situação específica, tem agora luz verde de Bruxelas para subir a despesa.

O Pacto de Estabilidade e Crescimento de 1997, que limita o défice público a 3% do PIB e a dívida pública a 60% do PIB, é agora flexibilizado até 2010. No telejornal da noite, Sócrates mostrava-se satisfeito com as medidas que apoiam os investimentos públicos que já anunciou,


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 28.10.2002


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 15.09.2002

reduzir os impostos está para o Primeiro-Ministro fora de causa, mas o partido da oposição, na voz da líder, “suspenderia os mega-projectos de investimentos não rentáveis e com essa despesa provavelmente baixaria os impostos”.


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 22.10.2000

Não precisamos de ouvir mais para perceber o equívoco europeu que Jacques Delors definiu numa frase: “A União é um Ferrari com um motor de 2CV”. Se para o cidadão comum europeu a Europa é um super Estado, o tal Ferrari, com um poder tentacular que se imiscuiu na vida de cada um de nós - é Bruxelas que decide como devemos fabricar o queijo da Serra, como os franceses devem fabricar o camembert...e tudo o mais que tão bem conhecemos e criticamos - no que respeita à crise mundial, cada Estado-membro é livre de decidir e de agir como preferir.


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 24.08.2002

Será que podemos então dizer que Bruxelas nos governa? É esta desproporção, um excesso de regulamentação uniformizadora que tanto repudiamos e um vazio na prevenção e acção colectiva em situações de crise, como a que vivemos actualmente, que levou franceses, holandeses e irlandeses a votarem “não” aos sucessivos Tratados.

Podemos dizer que hoje a União europeia se restringe a um mercado organizado de livre troca entre mercadorias, serviços, capitais e trabalhadores entre Estados, o grande salto para uma federação, como sonhava Delors – a passagem de um mercado comum para uma união política, está longe de existir. A concertação dos ministros das finanças no seio do Eurogrupo é um bom exemplo do teatro que é o palco europeu, onde cada um promete que respeitará as responsabilidades tomadas em comum para em casa ignorar ou fazer precisamente o contrário.
De que serviu a agenda ambiciosa – “tornar a União na economia mais competitiva do mundo” que os chefes de Estado acordaram no Concelho europeu de Lisboa no ano de 2000? Não se tornou a União espectadora, cruzando os dedos, esperando que cada Estado realizasse as reformas com que se comprometeram? Passaram oito anos - é a União Europeia a economia mais competitiva no mundo?


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 20.06.2003

Porque continua a Europa a sonhar com uma União política?


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 25.05.2003

Se o Banco Central Europeu se revelou um banco forte e qualificado para comandar e guiar uma política monetária de um euro credível, porque não se centra a Europa naquilo que sabe fazer e deixar as burocracias que tanto a embrulharam?


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 30.01.2000

Agora resta-nos cruzar novamente os dedos e esperar que dentro de dois anos, 2010, (como propôs Durão Barroso), que o Pacto de Estabilidade e Crescimento entre novamente nos eixos. Em 2010 Trichet tem este discurso


Nikos Markou, do livro Cosmos, Grécia, 15.10.2002

1 comentário:

Salucombo_Jr. disse...

olá Madalena,
gostaria de entrar em contacto consigo.
arcoires@gmail.com

abraços